AUGUSTO PIRES

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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Governo do Amazonas negocia apoio de traficantes para o 2º turno das eleições

A conversa mais parece um bate-papo informal entre amigos em uma mesa debar. O teor, no entanto, revela uma relação promíscua entre o poder e o crime. O encontro se dá dentro do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), a maior unidade prisional do Amazonas, e reúne na mesma sala o maior traficante do estado e um integrante da cúpula da Secretaria de Justiça. O objetivo do encontro é simples: negociar o apoio das quadrilhas ao candidato à reeleição, o atual governador José Melo (PROS), no segundo turno das eleições, no próximo domingo. São cerca de 30 minutos de uma gravação feita por um dos presentes ao encontro, a que o site de VEJA teve acesso.
“Vamos apoiar o Melo, entendeu? A cadeia…vamos votar minha família toda, lá da rua, entendeu? Não tem nada não, a gente não conhece o Melo (trecho inaudível), a gente quer dar um alô, que ele não venha prejudicar nós. E nem mexer com nós”, diz o traficante José Roberto Fernandes Barbosa, conhecido como Zé Roberto, uma das maiores lideranças da facção Família do Norte, que domina o tráfico em território amazonense.
A resposta vem do subsecretário de Justiça e Direitos Humanos (órgão responsável pelo sistema penitenciário no estado), major Carliomar Barros Brandão: “Não, ele não vai, não”. E esse acordo fica explícito: “A mensagem que ele mandou para vocês, agradeceu o apoio e que ninguém vai mexer com vocês, não”.
A promessa logo no início deixa a conversa mais informal. E durante boa parte do tempo é Zé Roberto quem fala. Em vários trechos o criminoso confessa assassinatos de inimigos ou de quem não reza pela cartilha da quadrilha que controla. Quando o assunto é política, entretanto, mostra-se receptivo e faz promessas como se fosse um cabo eleitoral.
“Tá vendo o que está acontecendo em Santa Catarina (vários ataques)? É o comando dos caras, que estão rodando lá por causa do governo dos caras. Tá vendo aqui, a cadeia tá tudo em paz porque o governo daqui não mexe com nós”, afirma o criminoso num dos trechos, no que ouve a resposta de Carliomar: “O que ele quer é isso, é a cadeia em paz”. O major, em momento algum, fala o nome do governador José Melo na gravação. Procurado por VEJA, no entanto, ele admitiu o encontro, e disse ter ido ao local em missão oficial: “Comuniquei ao secretário  porque tínhamos informações de que haveria um banho de sangue lá dentro da cadeia, e fomos tentar conversar para evitar isso”, disse, negando qualquer intenção eleitoreira.

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