AUGUSTO PIRES

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

De quem é a culpa?


Dados mostram que população de Tarauacá poderia ter sido avisada sobre inundação ‘repentina’ que provocou prejuízos estimados em mais de R$ 15 milhões somente na zona urbana

Dias antes das intensas chuvas que provocaram inundações no município de Tarauacá, mapas de distribuição de chuvas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostravam um acumulado de chuvas de 250 a 30 milímetros entre os dias 1 e 21 de novembro deste ano. Se a informação tivesse sido processada pelo Centro de Hidrologia da Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) o evento poderia ter sido previsto com precisão de pelo menos uma semana antes e evitado o prejuízo milionário provocado pela inundação dos rios Muru e Tarauacá na região central do estado.
O aviso de alerta deveria ter saído da Unidade de Situação de Monitoramento de Eventos Hidrometeorológicos instalada na Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac). O centro é responsável pela tomada de decisões com base no monitoramento diário de tempo, clima e o níveo dos rios, mas segundo o geógrafo Saint Clair, até hoje não se sabe ao certo onde ocorreram as chuvas que provocaram a inundação dos rios Muru e Tarauacá.
“Se as chuvas aconteceram nessa região mais próxima de Santa Rosa do Purus ou na cabeceira do Rio Tarauacá tinha como identificar, mas se foi fora desse perímetro não tínhamos como prever”, esclareceu Saint Clair.
O geógrafo Claudemir Mesquita, da Secretaria de Meio Ambiente do Acre, disse que recebeu relatórios da Unidade, “mas não foi enviado com essa magnitude”, acrescentou. Ainda de acordo Claudemir, a falta de boletins meteorológicos tornou o evento em uma “novidade”, mas já era previsto.
“Existem três corredores climáticos: o primeiro que ocorre entre 1.600 à 2.000 milímetros, o segundo no Vale do Purus entre 2.000 e 2.200 milímetros e o terceiro ocorre no Vale do Juruá entre 2.220 a 2.500 milímetros de chuva”, esclareceu.
Esse corredor é o mais propício às precipitações na região porque, segundo o geógrafo da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA, a linha de convergência intertropical quando vem muito úmida não soube até o Vale do Acre. Ele destacou que por causa da Cordilheira dos Andes, a precipitação não ultrapassou a região de Tarauacá.
O prefeito Rodrigo Damasceno garantiu na tarde deste sábado (29) que o município concluiu o Plano Diretor da Cidade até o mês de dezembro. O planejamento de uma nova Tarauacá, segundo Damasceno, prevê um crescimento para mais 50 mil pessoas nos próximos 20 anos.
“Trabalhamos duro durante todo o ano para concluir o Plano Diretor agora em dezembro”, confirmou Damasceno.
O município ainda contabiliza os estragos na zona rural. Na zona urbana os prejuízos estão estimados em R$ 15 milhões. Após a enchente, 70 famílias que sofreram com desbarrancamento foram retiradas para aluguel social.
“O rio continua instável, um dia apresenta-se abaixo da cota, mas depois da enchente já esteve com 9m36”, acrescentou o prefeito.